Ajuda Alimentar Humanitária na Cooperação Norte-Sul. O caso dos Camarões

A segurança alimentar é um dos cavalos de batalha da comunidade internacional. Quando surge uma crise, uma catástrofe natural, humana ou tecnológica, toneladas de alimentos são transferidas para populações carenciadas. A ajuda alimentar é o abastecimento internacional de recursos concessionais sob a forma de, ou para o fornecimento de alimentos. Como é que a ajuda alimentar humanitária estrutura a cooperação Norte-Sul? A "Teoria do Presente", desenvolvida pelo antropólogo Marcel Mauss e que pode ser resumida como "a obrigação de dar e a obrigação de receber", ajuda a compreender a dinâmica da relação entre os doadores do Norte e os beneficiários da ajuda alimentar, a maioria dos quais provém do Sul. Os Camarões parecem ser um laboratório deste sistema. De facto, o país tem e continua a enfrentar os caprichos da natureza: erupções vulcânicas, gases tóxicos, inundações e outras secas. Além disso, este pequeno triângulo de cerca de 475.000 KM2 é o lar de centenas de milhares de refugiados que fogem dos países vizinhos sujeitos a incertezas de segurança, sócio-políticas e militares, incluindo a Nigéria, República Centro-Africana e Chade. Por conseguinte, a ajuda alimentar faz parte do seu "habitus" estrutural.